domingo, 25 de novembro de 2012

47 Módulo 2 - Atividade 3

Gostaria de partilhar convosco uma situação de bullying que tenho estado a acompanhar nos últimos meses.
A Rafaela (vou chamar-lhe assim) tem 10 anos e reside numa aldeia no interior de Portugal. Os pais estão separados há vários anos e os contatos com o pai são pouco frequentes, como tal, o seu único apoio tem sido a sua mãe.
Esta criança foi sempre uma excelente aluna, tem um sorriso meigo e maravilhoso mas por detrás desta aparente alegria esconde-se uma menina frágil, com baixa autoestima que tem sido frequentemente humilhada, ameaçada, excluída, agredida por vários colegas, alguns da sua idade e outros um pouco mais velhos.
Desde o 2º ano que a Rafaela é vítima de bullying, com uma frequência (por vezes diária ou várias vezes por semana) tem sido agredida verbal e fisicamente pelos seus pares, vejamos algumas das agressões que tem sido alvo:
- aparece e casa com a roupa estragada e suja (incluindo marcas de pontapés nas costas e barriga);
- chamam-lhe nomes como “caixa de óculos”, “quatro olhos”, “pote de banha” ou “baleia”;
- durante o almoço, no refeitório, cospem na sua comida ou passam-lhe rasteiras enquanto transporta o tabuleiro com o almoço;
- após o almoço, obrigam-na a correr enquanto é perseguida e ameaçada por colegas mais velhos, chegando muitas vezes até a vomitar;
- empurram-na para poças de água e lama, obrigando-a a rebolar no chão;
- colocam objetos de colegas na sua mochila (sem que ela se aperceba) e depois acusam-na de os ter roubado;
- roubam-lhe o lanche ou simplesmente a obrigam a deitá-lo fora.
Durante vários meses tentou esconder o que se passava de todos, até que a mãe descobriu o que se estava a passar e contatou a direção da escola, a situação foi menosprezada tendo lhe sido dito que se tratavam de meras brincadeiras entre crianças e como tal, algo perfeitamente comum, nada fazendo para proteger a Rafaela de tais comportamentos.
A mãe resolveu estar mais atenta… a situação aparentemente ficou mais calma, no entanto, passadas algumas semanas a Rafaela voltou a referir que continuava a ser agredida e perseguida na escola. Durante os intervalos, o que para os colegas eram momentos de alegria e brincadeira, para esta criança era um autêntico “jogo de gato e rato”, a fugir, a esconder-se dos colegas… eram minutos que pareciam intermináveis, acabando por se refugiar muitas vezes junto dos funcionários.
As notas começaram a baixar, os excelentes eram cada vez menos… até que começou mesmo a ter negativas.
Nos últimos tempos, a mãe da Rafaela tem-se desdobrado em contatos com a direção da escola e com os próprios funcionários, pedindo-lhes que estejam mais atentos ao que se passa com a sua filha durante os intervalos mas, com frequência, ouve frases do tipo, “Acontece isso com todos ou acha que é só com a sua filha?” ou “A Rafaela é muito mimada, fica logo chateada quando se metem com ela”.
Atualmente, esta criança frequenta o 5º ano numa turma onde estão alguns dos alunos que nos últimos anos têm sido seus agressores. Tendo em conta o que tem sido abordado, partilhado e refletido no “MOOC – Bullying em contexto escolar”, gostaria de vos lançar um desafio.

Quais as estratégias mais adequadas para intervir nesta situação? O que podem (leia-se, devem) fazer as direções das escolas, os professores, os funcionários e as famílias neste tipo de situações?



47 comentários:

  1. Estas situações deveriam ser devidamente registadas e analisadas por agentes educativos em contexto escolar, de forma a perceber a gravidade da situação e poder intervir de forma adequada.

    Considero que uma intervenção direta nem sempre é a mais adequada, podendo prejudicar ainda mais o dia a dia da vítima.

    Considero, por isso, que deveriam ser realizadas atividades de sensibilização e dinãmicas de grupo com o objectivo de transmitir valores, facilitar o entendimento do outro como pessoa que sofre e sente e estimular a adoção de comportamentos considerados mais adequados. Estas ações deveriam fazer parte do plano escolar, quer como meio de prevenção, quer de atuação.

    No entanto, seria necessário intervir, também, no seio da estrutura normativa da escola. É importante que sejam definidas normas escolares que atribuiam consequências a este tipo de comportamentos e que, por outro lado, motivem o a relação interpessoal entre os alunos e o apoio entre estes. Desta forma, não só o bullie deixa de se sentir impune, como a vítima começa a estar mais acompanhada e protegida por outros colegas, havendo uma tendência para deixar de ser vítima.

    Há uma grande tendência para desvalorizar este tipo de situações, pois, baseados na premisssa "é de pequenino que se torçe o pepino", os agentes educativos, consideram que as crianças devem começar a "desenrascar-se" sozinhas desde cedo, sem interferência de adultos. É importante estimular a autonomia destas crianças, mas, mais importante ainda é que não confudamos isso com desleixo da nossa parte, pois, como agentes educativos temos a missão de transmitir valores e premissas educativas que influenciarão o desenvolvimento de cada criança, podendo ser fulcrais para o progresso quer do agressor, quer da vítima.

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  2. Nesta situação concreta a família parece ser a única instituição atenta ao problema e a considerar resolvê-lo. Parece-me adequada a opção da mãe em solicitar a colaboração da escola em ordem à sua resolução. Face à falta de ação talvez fosse adequado mudar a filha de escola, dado que parece não haver sequer amigos que possam funcionar como "ponto de apoio"; e, simultaneamente, ajudá-la a lidar com situações semelhantes que podem sempre ocorrer e para as quais deve estar preparada.
    No que concerne aos restantes intervenientes no processo, a descrição feita permite entrever um maior crédito nas aparências do que se vê no recreio do que nas palavras da “Rafaela” ou da sua mãe. Penso que esta postura, logo à partida é errada, pois a desvalorização da denúncia permite que a violência se prolongue. A estratégia mais adequada seria, antes de mais, uma vigilância mais apertada do que ocorre com a “Rafaela” nos intervalos, tanto da parte de funcionários como de professores; esta maior atenção poderia ser acompanhada de ações de sensibilização (aqui concordo plenamente com a Sónia), dirigidas a toda a comunidade escolar, para o problema do bullying, circunstâncias e consequências. Esta ação formativa poderia desencadear a moderação ou cessação dos comportamentos agressores e permitir que os observadores tomassem uma posição ativa de inibir a violência.

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  3. A primeira coisa a fazer é consientizar a escola que brincadeira só existe quando ambas as partes se divertem, o que claramente não ocorre neste caso.Depois é necessário identificar os autores e assim realizar atividades para que eles deixem de praticar a agressão e entendam a gravidade dos atos deles.

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  4. Julgo que esta comunidade escolar precisa urgentemente de ser sensibilizada por exemplo através do visionamento de alguns videos sobre bullying e/ou suicídio cometido por crianças e jovens vítimas de bullying de forma a poder tomar consciência do problema que pode estar a criar ao ignorar esta situação e das suas possíveis consequências. O suicídio não é resultado de um só fator (e nos jovens não é diferente) mas uma agressão persistente e, ainda por cima, desvalorizada pelos adultos poderá ter resultados trágicos. É preciso estar atento!

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  5. Olá. É verdadeiramente deprimente ler sobre um caso destes. Mais deprimente ainda é constatá-los diariamente no local de trabalho. Verificamos cada vez mais que a escola é o local de "despejo" dos filhos para educar, ensinar e transmitir valores porque os pais não têm tempo para os meninos. Ainda hoje as crianças reproduzem os modelos que têm e crianças que se sentem frustradas, diminuidas, desprezadas e abandonadas pelas famílias tendem a exteriorizar a sua "raiva" e "frustração" nos seus pares que consideram mais fracos. Temos que analisar as várias vertentes, ter em conta se os autores da agressão têm idade para serem punidos por lei e nesse caso acionar os meios legais, se não têm, tem que se responsabilizar os seus encarregados de educação. Atenção a este termo "Encarregado de Educação" é isso mesmo!!!! A pessoa que se responsabiliza pela Educação daquele/a indivíduo. O agredido tem direito a ser protegido e é a escola que tem que proporcionar essa proteção. O regulamento interno da escola deve definir sanções significativas e severas a aplicar nestes casos e aplicá-las de facto, não as limitando ao papel. Quanto à família do agredido tem todo o direito e dever de proteger o bem estar físico e psicológico da sua criança, não devendo desistir mediante o desinteresse da escola em resolver o problema. Sempre que a criança apresentar maus tratos, levá-la ao Hospital e apresentar queixa por agressão. Vivemos num sistema hierárquico e burocrático. Uns têm que prestar contas aos seus superiores e por aí acima na cadeia hierárquica até chegar às mais altas instâncias, seja como for! Chega dos papás se demitirem dos seus papeis e como diz o psicólogo muito famoso" traumatizar" as crianças. Uma palmada bem dada, ou um castigo no momento certo pode resolver muita coisa. Coloquemo-nos no lugar dos pais quando entregam a sua filha aos cuidados da escola e a deixam no recinto, tranquilos que ela está segura. Que segurança é esta? Sensibilização????? E delinquentes lá têm consciência???

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  6. Antes de tudo, é triste que estas situações se arrastem durante anos sem a intervenção dos agentes educativos. No entanto, também é bem verdade que as crianças/jovens não se dão conta de quando uma situação pode estar a ser excessiva.

    Já me aconteceu intervir numa situação que considerei perigosa e, curiosamente, acabei por ser acusada de excessiva e que aquilo não passava de uma brincadeira. A própria vítima virou-se contra mim, protegendo o colega agressor. No momento, fiquei perplexa e pensei no que levaria o jovem aceitar aquele comportamento do outro. Conclui que seria uma forma de não se tornar uma vítima diária daquele tipo agressão. Pensei nos meus filhos e questionei-me... Será que eles também sofriam este tipo de pressão na escola? A partir daquele dia decidi estar atenta e fomentar nos meus filhos o respeito pelos outros, mas também encarar estas situações de cabeça erguida, estabelecendo limites, o que se pode aceitar ou não de um colega.

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  9. Olá! Estes casos de violência entre pares é cada vez mais frequente, infelizmente. Nem sempre a comunidade escolar está sensibilizada para este problema. Talvez fosse pertinente começar mesmo por aí, sensibilizar os agentes de educação. As crianças têm direito a proteção, tem direito a ser felizes. Os agresores devem ser identificados e as direções das escolas devem tomar medidas no sentido de acbar com este flagelo. As vítimas de bullying, ficam traumatizadas para toda a vida e só se vive uma vez.

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  10. Olá, muito boa noite!
    Achei a videoconferência muito interessante,focando aspetos importantes neste tema que nos preocupa a todos, o bullying. Este caso aqui trazido revela bem a atualidade nas nossas escolas. E nestas escolas estão os nossos filhos, e quem os protege a eles também destes agressores? E se les não nos contam o que se passa? Quanto tempo andarão eles também a sofrer? Estas e outras questões, são colocadas por mim algumas vezes. Agora ao ler este texto, fiquei comovida e chocada ao mesmo tempo. Os pais ou encarregados de educação, os auxiliares de ação educativa, os professores e a própria direçao da escola, deverão estar bastante atentos a qualquer sinal de alerta por parte das vitimas. Aos primeiros sinais dverão ser tomadas medidas, no sentido de se averiguar a verdade da situação para depois tomar as medidas adequadas. Ninguém tem o direito de viver aterrorizado, num meio onde se deveria dar primazia ao bem estar, onde os alunos pudessem estudar, conviver de forma sociavel uns com os outros e formar as suas verdadeiras amizades, para que amanhã sejam os Homens do futuro. A escola tem de dar resposta a estas situações, identificando os agressores e tentando resolver a sua problemática junto das identidades competentes (psicólogos, psiquiatras ou outros técnicos especialistas) e a família ajudando no sentido de recuperar os seus filhos.

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  11. A mãe deve em primeiro lugar tentar dialogar com o diretor de turma, uma vez que é o principal interlecutor entre a escola e a família. O diretor de turma por norma estará sensibilizado para o tema e poderá trabalhar entre pares.
    A aluna estando no 5º ano, estará por norma a iniciar o seu percurso naquele estabelecimento de ensino. Ainda estamos no primeiro periodo e o trabalho a ser desenvolvido com toda a turma poderá beneficiar todos, uma vez que poderá melhorar os relacionamentos. No entanto, o trabalho a ser realizado com a turma não deverá ser direcionado especificamente para as atitudes dos colegas para com a "Rafaela" de modo a evitar que os colegas a discriminem mais.
    Por experiência se a mãe verificar que os comportamentos se mantêm poderá talvez pensar em mudar a aluna de escola, mas de qualquer modo deve criar estratégias que permitam à aluna se proteger perante os colegas. Melhorar a sua auto-estima.

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    1. Boa noite
      Tem toda a razão, podemos pôr enfase no problema ou na solução, eu prefiro sempre olhar para a solução definitiva, protegendo a criança agredida claro, mas ensinando-lhe estratégia emocionais interiores para enfrentar e “curar” os seu medos, os seus fantasmas, ensinar-lhe a aumentar a sua zona de conforto e criar com ela estratégias efetivas e sólidas, por exemplo incluí-la numa banda musical, numa equipa desportiva (andebol, basquete etc), icentivá-la a participar activamente num jornal da escola, numa peça de teatro …... envolvê-la em projectos onde ela se sinta valorizada, onde sinta que tem sucesso e possa desenvolver a sua criativade. A criança vitima, será um adulto também vitima, com outros contornos o bullying também acontece em muitas empresas. Quanto ao agressor, penso que ele deverá sentir que os seus atos não são aceites pelos adultos e principalmente pelos seus pares, e desta forma enfraquecer as sua atitudes agressivas, dar muita enface ás suas atitudes violentas pode ter um efeito tóxico, porque o jovem agressor pretende protagonismo, desviar para si as atenções, mesmo que seja pelas piores razões. É importante que os educadores tenham a sensibilidade para não recorrer á violência é necessário surpreender o agressor de forma positiva, é muito provável que “sermões”, “castigos” “repreensões”, queixas aos pais, e ser expulso de salas de aulas é onde o agressor se sente confortável porque é esta a realidade que ele melhor conhece. O agressor é sem dúvida um jovem em alto risco.

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  12. Boa noite

    Aos 8 anos fui vitima de Bullying, na altura não conhecia o termo, e chamei-lhe violência por algumas colegas que frequentavam a minha escola, no entanto a violência era verbal, com ameaças verbais, humilhação e difamação, ou seja divulgavam mentiras em relação a mim e aos meus familiares. E eu do alto dos meus 8 anos, franzina e muito pequenina para a idade, sabia que se fosse mais forte, se tivesse muita força, poderia vencê-las e assim fiz, inscrevi-me em aulas de judo e numa equipa de futebol, quando isto se soube, nunca mais fui agredida. Com 8 anos aprendi a minha 1ª lição de desenvolvimento pessoal..... eu sou responsável por tudo o que me acontece, seja de bom ou de mau. A minha história, diz-me que o que é importante para a Rafaela, é dar-lhe ferramentas, é educá-la para a assertividade, para a auto-estima, para a maestria, os outros agem connosco dependendo do que nós lhe transmiti-mos mesmo sem ter-mos consciência disso.

    Sou Fisioterapeuta e posso testemunhar a importância para a economia, do que aqui estamos a discutir, a lista de doenças com etiologia socio-emocional é arrepiante.... alterações posturais (escoliose e hiper-cifoses), dores de coluna vertebral e dos ombros, depressão, insónias, dores de cabeça, doenças auto-imunes, tais como fibromialgia, esclerose multipla,e muitas outras, são doenças muito incapacitantes, que levam a baixas médicas, a reformas antecipadas, a medicação e a fisioterapia muito cara. Quantos euros seriam poupados se a prevenção fosse feita nas escolas? Não tenho meios para fazer estas contas, mas e devido aos custos elevados dos serviços de saúde e de toda a segurança social são valores elevadissimos, se associar-mos custos pessoais e familiares, não consigo imaginar os valores. É necessário sensibilizar os responsáveis politicos para esta situação.

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  13. Olá a TODOS. Muito obrigado pela vossa participação.

    Combater o bullying nas nossas escolas é um trabalho diário e de TODOS os agentes educativos (alunos, professores, funcionários, pais/encarregados de educação e órgãos de gestão das escolas). Ao longo do nosso percurso educativo TODOS nós conhecemos uma “Rafaela”… mas será que estávamos verdadeiramente atentos aos seus pedidos de ajuda?

    A realização de campanhas e sessões de sensibilização que ajudem a prevenir e combater ao bullying nas nossas escolas são estratégias fundamentais, no entanto, é importante que, paralelamente a estas atividades, haja uma verdadeira mudança de atitudes e comportamentos face a este fenómeno.

    As vítimas precisam de se sentir protegidas, que podem contar o que se passa e que as suas denúncias têm acolhimento nos adultos que trabalham nas nossas escolas (sabemos que cerca de metade das vítimas não contam a ninguém que estão a ser vitimizadas), no entanto, continuamos a ter muitos órgãos de gestão que afirmam que os comportamentos de bullying são “apenas brincadeiras entre alunos” e “que apenas acontecem em meia dúzia de escolas”.

    Cerca de 80% das situações de bullying denunciadas, terminam, desde que exista uma intervenção efetiva e consistente por parte dos adultos. Há umas semanas atrás uma criança, vítima de bullying, dizia-me, “Luís, sabes porque tens de continuar a lutar contra o bullying? Porque eu estou farto de gritar para dentro!!!”

    A MAIOR “ARMA” DO AGRESSOR É O SILÊNCIO EM QUE CONSEGUE MANTER AS SUAS VÍTIMAS!!!

    É igualmente essencial uma alteração ao nível dos documentos normativos, nomeadamente do Regulamento Interno, com a introdução de estratégias específicas de prevenção e combate a todas as formas de violência, mais concretamente ao bullying, assim como, procedimentos de consciencialização e penalização dos alunos agressores (através do acompanhamento destes alunos, envolvendo as suas famílias neste processo, assim como através da realização de atividades na própria escola e em prol da comunidade).

    Gostaria de lançar algumas questões para refletirmos…

    Cada vez mais se ouve falar em bullying mas será que este fenómeno está realmente a crescer nas nossas escolas ou apenas existe mais informação e visibilidade?

    Atualmente, é unânime afirmar que, nós adultos, “protegemos” cada vez mais as nossas crianças e jovens, não promovendo muitas vezes a sua autonomia. Não será que estes factos são determinantes para que, nos nossos dias, os mais jovens estejam menos preparados para lidar com situações de bullying?


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    1. Relativamente à forma de lidar com as situações de Bullying, na minha opinião, como disse a colega Maria Rocha, o contato com o Diretor de Turma é primordial. Depois, o papel da Direção da Escola e dos assistentes operacionais também é fulcral. As situações em que um criança se sente mal, agredida e humilhada, não podem ser entendidas como meras brincadeiras e, por isso, menosprezadas... Faltam ações de sensabilização e uma valorização destas situações a nível de ME, por forma a que este tipo de situações seja mesmo penalizada. Infelizmente, as famílias de alunos agressores só sentem que devem fazer algo se forem penalizadas. Por isso, é necessário uma maior sensibilização para que o bullying seja reconhecido como um comportamento inaceitável e que deve ser fortemente punido. Claro que cada caso é um caso e de acordo com cada um devem ser implementadas estratégias que podem ser de mera sensibilização para alteração de comportamentos a uma punição mais grave.

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    2. Concordo com Luís Fernandes quando este afirma que “atualmente (…) nós adultos, “protegemos” cada vez mais as nossas crianças e jovens, não promovendo muitas vezes a sua autonomia”. Sem dúvida que nós, como pais e educadores, cada vez estamos mais sensibilizados com este problema e damos mais atenção aos pequenos sinais e a nossa reação imediata é a superproteção. Sou mãe de um rapaz de 10 que foi este ano para o 5º ano e quando ele me contou que tinha pago um sumo a um colega repetente que lhe pedira, porque este o tinha ajudado a recuperar um objeto (uma raquete de ténis de mesa) que lhe tinha sido tirado por outro aluno mais velho fiquei de imediato alerta a esta relação. De imediato me questionei: - Será que o seu novo colega poderia ser considerado como um companheiro adequado? Será que esta seria uma forma exploratória de ir extorquindo a um recém chegado à nova escola bens? Porque motivo o meu filho lhe tinha pago o sumo, se por agradecimento ou por receio de perder este novo colega que até o poderia ir incluindo neste novo mundo escolar? E várias outras questões se foram colocando na minha cabeça.
      Dilema nº 1- Qual seria o 1º assunto a tratar? A questão do objeto ou a questão do sumo?
      Decidi aguardar e ver se novamente ele mencionava nova situação de usurpação. Sem deixar de lhe mencionar que em caso algum deveria deixar passar em branco, pois isso seria um indício de que lhe poderiam continuar a fazê-lo. Nem que para isso se tivesse de recorrer dos adultos (funcionários e/ou professores / DT).
      Dilema nº 2 – Como lidar com o assunto do sumo?
      Optei por de uma forma subtil tentar conhecer melhor esta nova amizade. Inserindo o assunto do sumo explicando-lhe que na amizade nunca deveria haver cobranças, como tal cada menino teria um EE ou um tutor responsável pela sua alimentação e que não deveria voltar a fazê-lo.
      Dilema nº 3 – Será que lhe dei espaço para tomar as suas decisões? Será que ao tentar ajudá-lo o impossibilitei de crescer?
      Sim, eu antecipei-me à possibilidade de novas situações de não deixei que ele tivesse de aprender sozinho como lidar com estas novas situações. Mas o instinto imediato é superproteger aqueles de que gostamos. Viajando um pouco no passado não me recordo de ter com os meus pais este tipo de desabafo, mas sim de me “desenrascar” sozinha.
      Felizmente este situação não se assemelha ao caso da Rafaela, mas o cerne do problema é sempre o mesmo: - Qual a forma mais adequada de intervenção da nossa parte?
      Sem dúvida que é apostar na intervenção precoce! Na minha opinião e segundo o artigo de Neto, Aramis A. Lopes quanto maior e mais precoce for a sensibilização, menos serão os números de ocorrência. A mensagem que deve passar nas escolas é que estamos disponíveis para tratar este problema, ajudando todos os envolvidos, não só as “vítimas”, como os “agressores” e os “observadores”. Sim porque os “agressores” precisam de tanto apoio como as vítimas, pois tb eles são vítimas de graves problemas familiares, sociais ou mesmo económicos. Quanto aos “agressores”, o caminho não poderá ser apenas a de aplicação de medidas corretivas que impliquem punição, como castigos ou suspensões. Muito trabalho há a fazer com os “observadores”, no sentido dos consciencializar do seu papel cívico interventivo na vida em sociedade.
      No caso concreto da escola da Rafaela, nem sempre, nem todos os intervenientes no processo educativo têm agido da fora mais adequada. Eu aconselharia a EE da aluna a procurar ajuda de instituições exteriores como os centros de saúde, conselhos tutelares ou redes de apoio social. Promovendo-se um trabalho de parceria e de formação nesta área.

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  14. Olá a todos
    Para além das questões fundamentais identificadas nas vossas questões, tenho de facto uma preocupação mais recente relativamente à superproteção parental (ainda ontem falava nisso na minha videoconferência).
    A perceção dos perigos a que hoje as nossas crianças estão mais expostas e sujeitas,a masior sensibilização face à proteção das primeiras infâncias e respetiva consciência para alguns dos malefícios que certas práticas parentais acarretam.... contribuem frequentemente para um "exagero" protetor. A questão remete precisamente para uma limitação à liberdade de crescimento e amadurecimento das crianças, para uma "castração" às suas experiências exploratórias tão necessárias
    ao seu desenvolvimento.

    Mesmo em contexto pré-escolar (desafio agora os/as educadores(as) que se encontrem inscritos neste MOOC) observo por vezes uma interferência face à observação de conflitos entre crianças, no sentido de terminar com o conflito em vez de facilitar o desenvolvimento de estratégias nas crianças para, elas próprias, os resolverem. Por vezes contribuindo para um conflito "latente", não resolvido, que porcura pelas crianças ser resolvido, em contexto externo, ou fora do olhar do/a educador/a.
    São algumas das questões que me assaltam... parece que temos receio de ver as crianças a crescer ultrapassando obstáculos, dificuldades, causar-nos-á alguma angústia e mesmo sofrimento observar um filho em conflito com outra criança?
    Deixo-vos com essas inquietações!

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    2. Penso que o conflito faz parte do crescimento desde que seja resolvido de forma saudável entre ambas as partes. Para mim, enquanto mãe, é evidente que sempre foi uma grande angústia saber que os meus filhos estavam em situações que lhes causam sofrimento, penso que é algo comum a qualquer mãe que ama os seus filhos. No entanto, também compreendo que o sofrimento faz parte da vida e do nosso processo de crescimento, por isso sempre tentei/tento estar atenta (apesar dos meus filhos já serem adultos) mas continuo sempre a conversar com eles, a saber como corre o seu dia-a-dia, a dar sugestões de como podem resolver situações que os incomodam e a dar-lhes apoio, sempre que precisam. penso que a nossa função como pais é ensinar os nossos filhos a andar e vê-los a andar sozinhos e quando os nossos filhos caem, estarmos lá para os apoiarmos, se eles precisarem.

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  15. Boa tarde, realmente não acho que o bullying seja um fenómeno em crescimento por si; tem formas muitos diferentes de se expressar nos dia de hoje muito pela evolução tecnológica que a isso proporciona, e depois claro, a divulgação dos média leva a que pensemos que há mais... não creio, acho realmente que se fala mais!
    Relativamente às estratégias passariam por diferentes abordagens : informar e sensibilizar os diferentes intervenientes - escola (direção, DT, professores, funcionários), jovens e famílias; intervir com medidas muito concretas nestas situações, sempre que fossem comprovadamente situações de bullying (antes há que aferir da sua real existência e grau de gravidade); penalizar os infratores, caso (!) a situação se mantivesse após as intervenções anteriores.
    Quanto à questão que nos colocam a propósito da superproteção dada pelas familias aos mais jovens, não podia concordar mais convosco e partilhar as mesmas preocupações!
    Já me tenho deparado com situações em que me questiono sobre o porquê da necessidade daquela familia (pais ou um deles) em "afogar" aquela criança com tanta proteção! Tal não é o cercear de situações que lhes permitiriam a aprendizagem da autonomia e com isso, o fomentar da auto-estima e da auto-confiança!
    Sendo que aí, definitivamente o problema não é a criança mas os adultos que a rodeiam, o que torna tudo, muito mais complicado para resolver e intervir!
    É claro que ver um filho, ou uma outra criança em conflito aberto com outro(s) nos causa sofrimento, agora importa diferenciar o que é importante para nós (acabar com o nosso sofrimento) e o que é importante para eles (aprender, mesmo que com sofrimento), e nessa altura saber escolher o que é importante para eles para no fim proporcionar-lhe consolo e conforto, enquanto se conversa sobre o que aconteceu!
    E o conversar sobre isso, tanto pode/deve ser em casa, como pode/deve ser na escola!

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  16. Li todos os posts aqui colocados e fiquei "remoendo"meus próprios pensamentos. Entendo que tudo o que escrito aqui é de estrema importância e são propostas muito pertinentes. Entretanto, ao ler a descrição da violência que a "Rafaela"vem sofrendo na escola e considerando o descaso com que a escola vem tratando da questão, eu penso que recorreria aos órgãos superiores fora da escola para relatar o caso. Uma coisa é investir em estratégias de prevenção e controle do bullying, outra coisa é deixar uma criança ficar nestas condições, tomando apenas medidas paliativas.Outra atitude que tomaria, se fosse a mãe, era tirar esta criança desta escola. Sei que há toda uma teoria acerca destas questões, mas nestes casos específicos, sou mais de agir pelo bom senso e pela prática. Desculpem a minha franqueza.

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  17. Este é um assunto tão pertinente, e ao mesmo tempo tão volúvel, tão complicado de lidar com ele. É verdade que todos os grupos envolvidos (familiar e escolar) têm que trabalhar juntos.Neste caso em particular a escola negligencia os sinais de alerta (roupas sujas e rasgadas, menina isolada ou permanentemente refugiada junto aos funcionários no tempo de recreio, notas a baixarem), acusando a menina de ser mimada... E sim, realmente as crianças vitimas de bullyng têm características que poderão ser erradamente confundidas com crianças mimadas (maior dependência, reservadas, tímidas...)Realmente devem existir nos estabelecimentos de ensino estratégias de prevenção contra estas situações, direccionadas para toda a comunidade educativa que permitam identificar sinais de alerta, mas em situações identificadas de abusos continuados contra um aluno tem que haver mais do que "sensibilização" coletiva, deve existir algum tipo de sanção contra os agressores ao mesmo tempo alguma estratégia que permita defender a vitima (mudar de turma ou até de escola).

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    1. Boa tarde

      Algumas propostas estão na direcção da mudança de escola. Eu pergunto, será que esta criança não será vitima noutra escola ou até em outros contextos? será que fugir dos problemas e não enfrentá-los é ajudar esta e outras crianças?
      Quanto ás sanções ao agressor, que tipo de sanções? Como eu digo noutro poste, a expulsão, sermões e outras atitudes similares vão ainda agravar mais uma situação já delicada, o agressor é também uma criança em risco e tem que ser "curada" e olhada também como vitima das suas prórias acções.

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  18. Olá a todos :)

    A "superproteção" das nossas crianças e jovens é um tema que, cada vez mais, se encontra na "ordem do dia", existindo abordagens a esta questão bastante dispares.

    Alguns autores que trabalham na área dos maus tratos infantis defendem mesmo que a "superproteção" poderá ser considerada uma forma de "maltratar" os mais jovens, uma vez que não estamos a promover a sua autonomia e a preparar para a vida em sociedade, o que pensam desta questão?

    Há umas semanas, uma mãe de um aluno de 12 anos dizia-me, "Muitas vezes não sei o que fazer, tenho tentado sempre educar o meu filho para seja bem educado, assertivo e amigos dos colegas, mas há umas semanas fui chamada à escola e a Diretora de Turma diz-me que ele é vítima de bullying por parte de colegas mais velhos. Tenho pensado que talvez esteja, de certo modo, a querer que ele se comporte de uma maneira que na escola acaba por ser humilhado e gozado por alguns alunos que lhe chamam "tótó" e não o respeitam, o que devemos fazer enquanto pais, procurar dar-lhe valores e uma boa educação ou incentivá-lo a "responder à letra" quando o gozam e humilham?"

    O que acham desta questão colocada por esta mãe?

    Até breve

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    1. Acho que esta questão colocada pela mãe é um dos nossos maiores dilemas enquanto docentes e pais. Na minha perspetiva, as escolas deviam ter um gabinete de apoio à família e ao aluno que tentasse mediar estas situações e ajudar os alunos e as famílias. O ME devia de ter mecanismos para que estas situações nem sequer atingissem proporções que chegam a atingir mas como estas estratégias implicam investir dinheiro... No entanto, é preciso uma maior sensibilização, sobretudo das famílias dos agressores e uma consciencialização de que os comportamentos dos seus educandos não são toleráveis. Relativamente às vítimas, as famílias que educam num ambiente familiar saudável, com bons valores devem continuar a fazê-lo mas têm que ter em conta que a escola funciona como um microcosmo da sociedade e que visa a inclusão dos alunos na sociedade, por isso, os alunos devem desenvolver autonomia para lidar com os problemas e superar estas situações.

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  19. Olá,

    Tenho que admitir que este é um problema que me preocupa imenso: na passagem do 1.º Ciclo para o 5.º ano mudam os professores e há um "folgo" para os "agressores" que têm a "costa livre" durante uns tempos!
    Nesta altura os professores e funcionários ficam sem forma de vigiar e monitorizar os comportamentos nos intervalos.

    Estratégias:
    -Dependemos muito dos EE para identificarem estas ocorrências por isso temos que os saber ouvir... o que me deixa com a sensação de ineficácia...

    -Já testei o "apadrinhamento" por alunos voluntários de 8.º ano na escola com algumas vantagens no acompanhamento dos alunos na escola! Mas o problema é conseguir mobilizar a comunidade escolar para tornar a experiência num hábito!....

    -Este ano com a falta de formação cívica o problema de gestão de alunos e de turma agrava-se, pelo que no 5.º ano a oferta de escola, caso exista, deve ser bem aproveitada para a sensibilização dos alunos/turma.

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  20. Bom dia,

    Creio que numa situação deste tipo há uma série de medidas a serem levadas em linha de conta, nomeadamente:
    - Sessões de sensibilização para a comunidade educativa no âmbito da análise de casos concretos (mas salvaguardando a identidade da vítima e demais circunstâncias);
    - Ações de formação para o pessoal não docente para melhor identificar e solucionar situações de bulolying no recreio;
    - Aplicação de medidas dissuasoras a nivel disciplinar constantes no Estatuto do Aluno;
    - Ações de formação para o pessoal docente saber lidar com a parte psicológica do bullying na relação com as vítimas;
    - Maior responsabilização dos Enc.Ed. dos agressores podendo chegar a sansões penais para os mesmos.

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  21. Boa noite,
    Como mãe e, principalmente como cidadã, não posso deixar de ficar indignada e preocupada pela continuação desta e doutras situações similares e sobretudo pelo constante surgimento de novas agressões em contexto escolar. Não restam dúvidas que é necessário proteger o agredido!E esta atitude é prioritária! Mas... e o agressor? Não necessitará ele também de estratégias que potenciem a adaptabilidade ao meio escolar, que otimizem a sua autoestima e que desenvolvam a sua consciência social?
    Do meu trabalho docente (Educação Especial), relembrei, ao ler este caso, uma situação dum aluno do 4º ano que tinha comportamentos muito agressivos e lidava bastante mal com o insucesso escolar e com a frustração. Em articulação constante com a professora, a psicóloga e os avós (encarregados de educação,desenvolvi imensas práticas para diminuir estas suas atitudes desajustadas, mas a que mais 'frutos' deu foi um trabalho de sensibilização ao combate do bullying, no qual ele foi responsável pela legendagem das figuras dos powerpoints e pela apresentação do trabalho definitivo a todos os alunos da escola do 1º CEB. Sem perceber, o aluno interiorizou conceitos cívicos. Mas, há ainda muito a fazer... Sei que não há receitas milagrosas e que cada caso é singular mas é preciso experimentar todas as ideias, todas as estratégias pois o bullying só diminuirá quando os valores de cidadania e o bem-estar pessoal e social emergirem nos agressores.

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  22. Eu tenho um exemplo em casa. Um dos meus filhos foi vítima de Bullying na escola, já foi no 5ºano, atualmente já está no 9ºano. E falo por mim, comecei a achar estranho a algumas atitudes que ele tinha, mas quando o abordava ele não falava no assunto, dizia sempre que estava tudo bem, porque a outra menina que lhe batia ameaçava-o para ele não falar. Chegou a chegar em casa com as calças rotas nos joelhos, porque o empurravam pelas escadas na escola. Até que uma funcionária me chamou e disse se eu sabia o que se estava a passar. Foi um choque para mim, pois nunca tinha passado por uma situação destas, então fui lendo na NET e pedindo ajuda a Psicólogos e consegui resolver o problema, mas foi muito complicado.

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    1. Olá Anabela! Também tive um problema semelhante com o meu filho, também no 5º ano. O meu chegava a ser "gozado" por ser filha de uma professora que estava na mesma escola que ele e os colegas. Se ele tirava boas notas, não admirava porque era filho de uma professora. Se não tirava, era porque devia ser muito burro porque até era filho de uma professora...entre outras coisas. Também falei com o DT, que fez o melhor que podia, com a Direção que desvalorizou a situação até que um dia tomei medidas mais drásticas. Identifiquei o lider e abordei-o fora da escola como EE. Tive uma conversa muito séria e a situação resolveu-se. Até passou a cumprimentar-me dentro e fora da escola.

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    2. Olá Anabela!
      Conte mais um pouco de como vocês conseguiram vencer esta situação. Acredito que seja válido para todos nós.

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    3. Olá Denise! Sim, foi para todos nós lé em casa, uma luta pra combater este problema. É que os meus filhos são gémeos, logo para resolver ainda foi mais complicado. Depois de falar com a funcionário, fui logo falar com a diretora de turma, perguntando se sabia o que se estava a passar, a qual me respondeu, que nada sabia do assunto, só estranhando que o aluno estava a baixar as notas, era aluno de 5 a tudo e que a algumas disciplinas já estava com notas inferiores. Então pedi para que falasse primeiro com a aluna e que parasse. A professora falou com a aluna, mas ela continuou, depois o meu marido foi falar com aluna fora da escola, a qual lhe disse que o meu filho é que era culpado, pois não lhe deixava copiar nos testes. Mas depois de o meu marido ter falado com ela, as coisas melhoraram. Atualmente a mesma aluna ainda é da mesma turma dos meus filhos, e nunca mais lhe bateu. Tenho perguntado a alguns alunos da turma se têm visto alguma coisa ou notado, e eles dizem que nunca mais viram nada. O que me revolta, é que a Diretora de turma na altura, nunca falou com o Professores do Conselho de Turma, no sentido de os alertar para o que se estava a passar. Tive que ser eu (ou melhor o meu marido) a resolver esta situação, falando diretamente com a aluna. É triste dizer isto, mas é verdade! O meu marido disse-lhe que se ela continuasse a bater ao meu filho, que a seguir era ele que lhe batia. Ela deve ter ficado "com medo", que nunca mais lhe tocou. Enfim são situações "chatas", que ninguém gosta de fazer. Pelo testemunho da Angelina, parece que o problema se resolveu da mesma maneira. :-(

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  23. Como sabemos no atual panorama da escola pública o número de assistentes operacionais e professores é cada vez mais reduzido e, como tal, é impossível que possam tomar conhecimento destas situações. Penso que compete aos pais mais uma vez um papel determinante. São eles que têm como função educar os filhos, acompanhá-los no seu progresso e estarem sempre atentos aos sinais que estes vão transmitindo. Logo que os pais detetem situações graves como a descrita devem comunicar ao diretor de turma e este deverá ouvir as partes envolvidas. Mediante a gravidade da situação descrita compete à direção tomar medidas, que podem passar por medidas corretivas ou sancionatórias, a mudança de turma ou a intervenção da comissão de proteção de menores. Se todas estas medidas não resolverem o problema terão que ser mais uma vez os pais a agir, mudando de escola. Estas soluções poderão resolver uma situação específica mas a escola deverá atuar na prevenção, criando ações de sensibilização junto dos alunos, professores e assistentes operacionais, desenvolvendo um gabinete de apoio ao aluno, espaço de partilha, informação e ação

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  24. Olá. Tenho acompanhado com atenção os diversos comentários. Cada vez mais, chego à conclusão de que a escola não se pode pôr à margem de situações como estas que é o bulliyng (de extrema gravidade). Tem em primeiro lugar, que perceber que estas situações acontecem, infelizmente com maior frequência do que aquela que se pensa. Por outro lado, sem pretender que a escola se substitua à família, não podemos ignorar o facto de que os alunos passam uma grande parte do seu tempo na escola!
    Uma das medidas que deveriam ser implementadas passariam pela formação de um gabinete, constituído por técnicos especializados nesta matéria, para sinalizar e acompanhar convenientemente este tipo de comportamentos. Ignorar, decididamente não é a solução.

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  25. 1- Cada vez mais se ouve falar em bullying mas será que este fenómeno está realmente a crescer nas nossas escolas ou apenas existe mais informação e visibilidade?

    Relativamente a esta questão levantada pelo Luís gostaria de referir que também partilho da mesma opinião no que respeita à visibilidade dada pelos meios de comunicação às situações de bullying. Certo é que, hoje em dia, a informação é difundida de forma mais eficaz, o que proporciona, a um tempo um acesso mais rápido a essa mesma informação, a outro, um conhecimento mais estreito da realidade, sem contudo esquecermos que o atual contexto sócioeconómico condiciona o comportamento humano, podendo conduzir à agressividade física e /ou psicológica.
    No que respeita o grau de incidência do fenómeno bullying, parece-me importante referir que hoje presenciamos a ocorrência de situações de bullying nos diferentes níveis de ensino, desde o ensino pré-escolar, ao ensino básico, quer como reação a uma atitude agressiva, quer como uma intenção expressa de “provocar dano”no outro. Resta saber ser se a escola e os seus agentes educativos estão preparados, quer para diagnosticar, quer para sinalizar estes casos, quer para atuar de forma concertada.

    2- Atualmente, é unânime afirmar que, nós adultos, “protegemos” cada vez mais as nossas crianças e jovens, não promovendo muitas vezes a sua autonomia. Não será que estes factos são determinantes para que, nos nossos dias, os mais jovens estejam menos preparados para lidar com situações de bullying?

    Para esta questão particular eu diria que a preocupação dos pais em possibilitar um futuro risonho aos seus filhos, sem contudo lhes proporcionar a tomada de decisão consciente e a escolha refletida, pode prejudicar a sua autonomia e castrar a capacidade de decisão destes.
    Saber dizer ”Não” é, sem dúvida, educar e não apenas frustrar as crianças e os jovens adolescentes. A superproteção pode ter repercussões inesperadas na vida das crianças e dos jovens, pelo que o acompanhamento estreito dos pais é fundamental, embora deva sempre ser feito pela via da responsabilização dos atos e pela tomada de consciência das atitudes tomadas.

    No caso concreto das pequenas e frágeis Rafaelas deste país, as direções das escolas devem agir em sintonia com o corpo docente, com os assistentes operacionais, com pais e encarregados de educação,no sentido de diagnosticar,de sinalizar e de homogeneizar a atuação.

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  26. Relativamente à questão colocada pela Professora Sónia Seixas na vídeo conferência de 30 de novembro, acerca do papel ou função da escola, oferece-me dizer que a escola, enquanto espaço de socialização por excelência, deve acionar mecanismos que motivem e apoiem os pais, sensibilizando-os para o papel fulcral que eles próprios e os jovens desempenham no combate e prevenção do bullying e do cyberbullying.

    Como não sei onde devo colocar este comentário relativo à video conferência de hoje, coloco-o neste espaço de debate, por me perecer ser o mais adequado para o efeito.

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    1. Obrigada Margarida pela sua intervenção.
      Efetivamente a escola é um espaço de socialização por excelência, nesse sentido também me questiono por vezes se não valorizamos em demasia as questões (mais tradicionais) do processo de ensino-aprendizagem, colocando para um segundo plano a criação de oportunidades e de espaços que possam fomentar (simultaneamente até) essa socialização, esse contacto tão precioso entre alunos e entre alunos e adultos.

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  27. boa noite, acabei de me inscrever. Gostaria de ser informado sobre como começar as atividades... e se ainda é válida a inscrição. Obrigada.

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    1. A sua inscrição é válida, obrigada por se ter juntado a nós.
      Ainda tem tempo para visualizar todos os conteúdos (que continuam expostos)e responder a alguns dos desafios colocados.
      Bom trabalho
      Sónia Seixas

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  28. A sensibilização entre educadores é um caminho para acabar com a pratica do bulling nas escolas.

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    1. Olá Ivaldo!

      É necessário também o envolvimento de toda comunidade escolar e dos pais.

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  29. Na minha opinião, é imperativo que a comunidade escolar, especificamente os
    • Funcionários e docentes promovam com os alunos uma educação de sentimentos e o respetivo manuseamento deles. Compete aos mesmos, enquanto agentes de educação, promover relações de respeito e de confiança com os alunos, para que estes sintam que podem contar com eles, nomeadamente desabafar os seus problemas, pedir auxílio, apoio e atenção na sua vivência em contexto escolar e até mesmo fora dele;
    • Docentes trabalhem em sala de aula o conceito de bullying em todas as suas vertentes. Entre outras estratégias podem ser desenvolvidas atividades de debates sobre casos-tipo, projeção de filmes ilustrativos e respetivos comentários (na página do facebook do MOOC estão lá alguns exemplares com muito para ser explorado), realização de inquéritos anónimos de forma a poderem ser identificados os casos que possam existir, técnicas de dramatização (tb referido no artigo de Neto, Aramis A. Lopes), leitura de obras (tal como eu já referira anteriormente o caso específico da obra Cartas de Beatriz de Maria teresa Gonzalez). Destacando o papel do educador, professor titular de turma ou diretor de turma, de acordo com o ciclo de ensino, este deverá fomentar um contacto regular dos EE (familiares ou tutores) com a comunidade educativa, promovendo maior envolvimento destes com as atividades curriculares e extra curriculares, programas, projetos da escola e, particularmente, na resolução dos casos que vão surgindo. Outro fator muito importante é a responsabilização dos mesmos no desempenho das suas funções, acionando todos os meios possíveis sempre que estes negligenciarem as suas funções (existem diretivas legais que devem ser aplicadas nestes casos).
    • Direções das escolas e dos gabinetes de SPO um acompanhamento imediato e continuado dos casos identificados e encaminhamento para clínicas-escolas ou consultórios psicológicos. Esse acompanhamento deve abarcar não só os alunos “vítimas”, como tb os “agressores”, os “agressores-vítimas”, as “testemunhas”, os “defensores” e os “seguidores” (conforme artigo de Carolina Lisboa, Luiza de Lima Braga e Guilherme Ebert). Compete ainda às direções das escola estabelecer parcerias com outras instituições como centros de saúde, conselhos titulares e redes de apoio social. Seguir programas que enfatizam capacidades sociais e a aquisição de competências.
    • Em suma, devem contribuir por desenvolver em todos os alunos o gosto pela escola, uma vez que todos os estudos feitos apontam como causador de situações de agressividade a não integração plena do aluno na escola. Qualquer estrutura precisa de bons alicerces e, neste caso, o gosto pela escola será a primeira base de trabalho neste combate ao bullying.

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  30. Realmente faz-se necessário o envolvimento de todos. A escola precisa trabalhar com muito diálogos, dinâmicas, filmes, etc para discutir este assunto. Creio também da importância de palestras para os alunos, pais, funcionário e toda comunidade escolar. Quanto mais se falar sobre o assunto será melhor.

    Denise Faria

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  31. O envolvimento dos professores, funcionários pais e alunos na discussão dos problemas é, na maioria das vezes, suficiente para uma tomada de consciência global sobre determinadas situações identificadas como bullying. Mas não basta envolver-se, num curto espaço de tempo ou espaço. Na minha opinião isso tende depois a ser considerado gradualmente como algo normal e já totalmente debatido, isto é, um assunto que foi mas já não é relevante face a outros problemas ou ocorrências na vida escolar.
    Julgo que se a escola conseguir reunir um grupo de pessoas interessadas e através desse processo criar uma estratégia simples, criativa e pouco burocrática, para aplicar e reforçar periodicamente essa consciência coletiva, será um importante passo para detetar e eliminar focos de violência. Gostei muito das estratégias apresentadas na videoconferência de hoje. A partir destas e de outras ideias penso que é possível montar, com as necessárias adaptações a cada realidade escolar, uma boa estratégia de ação.

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  32. O que aqui foi relatado mostra a realidade de muitas escolas, assim neste caso penso que a primeira coisa a fazer é sensibilizar a escola no seu todo, que o BULLIYNG existe e tem consequências por vezes muito graves.
    A mãe deve continuar a pressionar a escola, para o que está a passar com a sua filha e se necessário pedir ajuda a outros organismos, até ser feito alguma coisa por esta criança.

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  33. Apesar de um problema tão antigo, hoje a sua atualidade é importante com a ajuda dos media e pela sociedadade atual.
    As escolas terão de ser mais sensibilizadas para este problema, os bullies terão de ser travados e as vitimas ajudadas a enfrentar a situação

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